segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

TEXTO PUBLICADO NO JORNAL NOTÍCIAS DO DIA DE ELIANA APARECIDA DE QUADRA CORRÊA EM 14 DE FEVEREIRO DE 2014




SATISFAÇÃO EM ESTAR INSATISFEITO


Parece até engraçado, como há pessoas que gostam de reclamar. Uma satisfação estar insatisfeito com tudo. Será o mal da contemporaneidade? Ter em excesso e se sentir que nunca está bom o bastante? Pego-me observando as pessoas no dia a dia em seus atos e comentários. E isso ocorre com tudo, desde artigos mais fúteis aos mais necessários para a sobrevivência humana. Parece que quanto mais se tem, pior é.
Vejo crianças, que ainda poderiam estar aproveitando o mundo de faz de conta e brincando com o imaginário, ficar horas em frente da televisão, computador, tablet (não que eu seja contra a evolução tecnológica, mas sim, ao uso obsessivo) sentindo-se insatisfeitos por não terem “ainda” o brinquedo da última geração, já que o brinquedo adquirido na semana passada está ultrapassado. Estes por sua vez tornando-se jovens que não vestem uma roupa se não forem da marca do momento. E adultos que gastam mais que ganham e assim em efeito cascata, o mundo caminha para um futuro incerto e aterrorizante. Onde vamos parar com a insatisfação?
Mas tudo isso relatado foi por causa de um fato recorrente neste verão a muito não visto nestes últimos anos. Dias consecutivos de um verão de céu azul belíssimo sem nuvens e de um calor praiano e convidativo para a curtição em família, com amigos ou com a pessoa amada.
Lendo o jornal, meus olhos deslizam em palavras: massa de ar quente e seco, que se instalou em Santa Catarina na última semana de janeiro até meados de fevereiro com temperaturas de 30ºC no final da manhã e 40ºC à tarde com sensação térmica de até 50ºC com índices ultravioletas em extremos. Em outra reportagem: Joinville foi líder do ranking mundial com a sensação térmica de 52 graus no dia 31 de janeiro de 2014 sendo a maior marca registrada nos últimos 103 anos.
Vem a constatação, mês de janeiro e fevereiro com poucas chuvas principalmente em Joinville, conhecida como a cidade da chuva. Quantos verões anteriores que tivemos até enchentes por causa da grande quantidade de água mandada pelas nuvens escuras e densas, os temporais que destruíram casas e famílias inteiras. Não que estou reclamando da abençoada chuva que vem do mansinho trazendo o frescor em nossos dias.
O que eu quero aqui é apontar para insatisfação humana. Faça sol ou faça chuva, nunca está bom o suficiente para agradar ao “refinado” gosto contemporâneo.
Temos a oportunidade do uso da tecnologiapara amenizar o calor excessivo nos confortando com o frescor do ar-condicionado, piscinas de todos os tamanhos, a beleza da natureza com banhos em rios, cachoeiras e mares, a brisa do final da tarde. Já houve tempos que não havia nem ventiladores e as pessoas se refrescavam com os charmosos leques, andavam com sombrinhas e chapéus para se protegerem do sol e assim por diante.
Sei que os pessimistas podem pensar que isto é um cúmulo. Mas pense: Se estamos passando por este calor escaldante, não é também fruto da nossa insatisfação gerada pelo consumismo?


Eliana Aparecida de Quadra Corrêa