domingo, 26 de janeiro de 2014

POEMAS PUBLICADOS NO JORNAL NOTÍCIAS DO DIA

Poemas publicados na página da Confraria no jornal Notícia do dia nos dias 25 e 26 de janeiro de 2014 de autoria de Eliana Aparecida de Quadra Corrêa.




Ilustração de Elisa Rosa de Matos


MEMÓRIAS TRUNCADAS DE TRISTEZAS

A s quedas
Como é difícil não levantar sozinha.
Entre tristezas e alegrias segue a vida.
A depressão persegue
A sensação de solidão
Envolve o coração
Na ânsia incalculável
De viver e renovar os músculos
Voltar a andar como antes.
A velhice chegou.
O que esperar
Quando o corpo não responde
 mais aos estímulos do cérebro?
Angústia, medo, tristeza.
Em meio ao devaneio
Um vulto e uma fumaça clara
O encontro e desencontro.
Parece gente que ronda o espaço
Procuras incansáveis pelo quarto em vão
A cama quente como se alguém
estivesse ali a poucos momentos.
Mas nada se encontra.
E pior, ninguém acredita.
Então indagações a Deus são feitas
Para saber o que aconteceu:
Quem estava no quarto?
O que está acontecendo?
Nem médicos,
Nem hospital
Conseguem explicar.
Apenas esboçam sorrisos
Para amenizar o que não tem solução.
A velhice chegou.
Não tem o que fazer.
A descoberta de um ataque do coração
Uma voz sussurra:
- Tome cuidado!
Na velhice,
Costumes vão aparecendo, tecendo
Os dias intermináveis
Entre os chuvosos e ensolarados
Entre sonos, sonhos e devaneios.
Queimores nas pernas que teimam
A não obedecer os comandos vitais.
Levantar-se, que outrora
Fora um comando simples
Agora se torna um movimento
De paciência e força interior para conseguir.

A velhice chegou.
E coisas simples do cotidiano
Feitos com tanta destreza na mocidade
Com tanto carinho,
Como o zelo do lar,
Passa a ser funções cada vez mais impossíveis.
Mas a vontade de fazê-las
E não conseguir é o pior,
Que envolve o ser em tristezas.
Quantos sonhos realizados
E quantos desejos ainda anseiam por realizar.
A velhice chegou.
E no período de devaneio e tristeza
Pergunta-se:
- O que resta é sofrer?
- Este é o fim?

Indagações de uma pessoa com mal de alzheimer.



Escritora: Eliana Aparecida de Quadra Corrêa


Tempo através dos tempos

Tempo bem, bem, passados

Cooooricooó.


Tempos bem passados

Tic, tac,
Tic, tac,
Tic, tac,
Tic, tac.

Trim, trim, trim, trim.

Tempos passados.

6:00
6:00
6:00
6:00
Pim, pim, pim, pim.

Tempos atuais

Always here.

Autora: Eliana Aparecida de Quadra Corrêa