sexta-feira, 21 de março de 2014

1º ENCONTRO COM O VOO LIVRE DE 2014





No dia 20 de março de 2014 ocorreu na Udesc com o grupo Voo Livre o 1º encontro deste ano com as aulas de Sensibilização à literatura, com enfoque em poesia, causos, contos, crônicas buscando na memória, na história de vida dos senhores e senhoras participantes, contato com escritores locais e leituras de literatura em geral a busca do conhecimento e da escrita literária na 3ª idade.

Atividade proposta para o 1º encontro:

- Contação de história: Meu Primeiro Amor de Júlio Braz e Salmo Dansa.
* Discussão e Leitura das imagens e sua representação na história e relatos de memória da infância e juventude.

- Leitura do causo do jornal Notícias do dia: Ao caminhoneiro com carinho de Eliana Ap. de Quadra Corrêa.
* Comentário sobre o amor que nasce desde pequeno por uma profissão, uma habilidade. O carinho em família. Os causos contados em família.

- Proposta para este ano: Organizar um livro de Provérbios, ditos populares, parlendas e seus significados.

Em folha cada integrante do grupo deixou sugestões para o encontro de literatura deste ano:

- Continuar com o livro poético das memórias dos idosos conforme (infância, juventude, fase adulta, casamento, filhos, 3º idade).
- Leitura e contação de histórias.
- Organizar um troca-troca de livros.
- Trabalhos com a memória (relembrar)
- Conhecer locais literários e participar de lançamentos de livros.
- Conhecer escritores locais.
- Declamação de poesia (Sarau).
- Estudar literatura: gênero(poesia, prosa, crônica, causo...) e escritores relevantes de cada gênero no país.
- Atividades em grupo com escrita e interpretação de textos.
- Momentos de trocas de experiências de forma oral pelos participantes.
- Trabalhar com provérbios, ditos populares, rimas.

- Sugestão de leitura: Menina que roubava livros de Markus Suzak

Recados finais:

22 de março – lançamento do livro Sem pressa, vamos à biblioteca de Rita de Cássia Alves e Maria Rosa de Miranda Coutinho, na Biblioteca Pública Prefeito Rolf Colin, às 10 horas.
                         
29 de março – lançamento da 5ª mini antologia da Associação Confraria das Letras na Midas, às 10 horas.

Ministrantes:
Eliana Aparecida de Quadra Corrêa
Marinaldo de Silva e Silva

Rita de Cássia Alves

TEXTO PUBLICADO NA PÁGINA CONFRARIA DO ESCRITOR DO JORNAL NOTÍCIAS DO DIA EM 15 E 16 DE MARÇO DE 2014




AO CAMINHONEIRO COM CARINHO

 Eliana Aparecida de Quadra Corrêa

O som do caminhão. Sonho de menino. Sem nunca ter visto tal veículo, era embalado pelo som do ronco forte do caminhão que acelerava além das serras da redondeza. Em sua imaginação de menino: ser grande, ter uma linda mulher e se aventurar pelo mundo era uma grande felicidade. Desde pequeno também queria ter uma família. Quem sabe passar o seu ofício também para os herdeiros. E o auge ter até uma filha boa de boleia.
Entre porcos, galinhas e enxada, o pequeno cresceu. A escola era para ele um trampolim para a estrada. Principalmente a matéria de geografia que lhe ensinava os nomes dos lugares, suas localidades e distâncias e a Ciências, os mistérios do ciclo da vida. A mãe até queria que ele seguisse a carreira na escola, mas a sina de caminhoneiro já estava cravada em seu peito.
Além do espírito aventureiro, a curiosidade também foi ingrediente para a formação do carreteiro, pois aprender de tudo um pouco auxiliaria para desenvolver bem o ofício escolhido.
O início da profissão não foi fácil. Entre serras perigosas, estradas de chão e cargas a lenhas e toras aprendeu as primeiras manobras com um Chevrolet Brasil 1961, quatro marcha, sincronizado chamado carinhosamente entre os caminhoneiros de Queixo Duro por ter direção mecânica.
O caminhão Ford 1964 foi o seu segundo companheiro de estrada. E com orgulho comenta: - O primeiro motor a diesel fabricado no Brasil, o motor Perkeins de cinco marchas, apelidado pelos apaixonados por viagens de Caixa Seca por não ser automatizado.
Por outras aventuras foi o nobre caminhoneiro conquistar e seu pai deixou na roça a chorar. Mas desejava desbravar o mundo e ali não era o seu lugar. E de Mercedes 11 13 e depois de 20 13 de boiadeiro foi trabalhar, carregar boi do Mato Grosso e muitas fazendas frenquentou. Há Maçarico Queixo duro, motor aspirado não era turbinado mas era coisa nova no tempo que foi fabricado.
Depois veio o Scania 101 e também o 19 24 e o Volvo N10 20 e XH e com eles muitos lugares deste Brasil ele foi conhecer, do Sul ao Norte, do Nordeste ao Sudeste e até Centro-oeste o bravo carreteiro rodou estrada a fora ao som de moda sertaneja daquelas que contam histórias tão poéticas que só no tempo da viola se compunha tal melodia. Pois a saudade era tanta, em busca do sustento que muitas vezes, meses ficava longe da família.
É assim que muitos caminhoneiros do mundo de Deus começaram seu fazer em busca de abastecer a mesa alheia. Deixando a sua família na saudade e na esperança da volta, para cumprir o seu destino com hora marcada de entrega. Quantas noites sem dormir, quantos aniversários, nascimentos, enfermidades, tristezas, alegrias dos filhos sem presenciar, quanta tristeza no olhar por estar tão longe.
Mas sabe que a recompensa lhe espera além de levar o pão de cada dia às mesas de tantas pessoas e confortos para seus lares. O maior é quando chega em casa. Vê a sua família à espera para compartilhar suas aventuras. Em torno da mesa entre causos fantásticos degusta um petisco servido pela mulher amada. E vislumbra os olhares de curiosidades dos filhos gerados e educados entre uma viagem e outra trazendo a sabedoria colhida de cada lugar por onde o caminhoneiro passou.



Eliana Aparecida de Quadra Corrêa